Sobre a Digitalidade de Ver → Sua leitura matinal por @gallegosfer Nos anos 90 e 00, os artistas estavam preocupados com a era da internet e tudo que orbita essa ideia. Thomas Ruff, em particular, fez algumas explorações interessantes nessa área. Lembro de um corpo de trabalho em que ele apropriou algumas imagens pixeladas dos eventos de 11 de setembro que viu publicadas na internet e ainda me impressiona como o problema que ele estava preocupado foi apresentado nelas. A importância desses eventos é algo que é universalmente considerado "importante". Naquele dia, a realidade adquiriu outra camada de significado. Para aqueles de nós que não estávamos lá, o que vimos na TV parecia assombroso, algo estava acontecendo, sabíamos que era real, mas teve um impacto que parecia ir além do real de uma maneira estranha, como se naquele momento um novo mundo tivesse nascido, o mundo do entre a realidade, um que existe dentro da mídia de massa, não aqui, mas também não precisamente lá. Thomas Ruff extraiu essas imagens e apontou a "digitalidade" delas de uma maneira que, quando as vejo, não posso deixar de pensar "é uma pessoa? ou é um pixel?". Esta nova era de imagens digitais na internet reativou o longo debate sobre o que a fotografia realmente é, o que é que estamos realmente vendo quando vemos uma fotografia de qualquer tipo? É interessante para mim pensar que essa questão vem com a outra questão sobre este "mundo entre mundos", o mundo digital nasceu e começamos um processo de entender quão real ele poderia ser, quais efeitos ele tem em nossas vidas diárias, quão "físico" de algumas maneiras ele pode ser e provavelmente a pergunta mais importante, qual é o valor da informação como ela existe na internet. Uma fotografia digital parece ser a tradução de uma fotografia em informação digital, o que soa óbvio, mas quero dizer isso de uma maneira que sabemos que não é uma fotografia, sabemos que é dado, pixels, código, mas concordamos que entenderemos isso como uma fotografia e assumimos a qualidade de realidade que atribuímos às fotografias. Estenda essa ideia a qualquer interação no mundo digital e podemos pensar nisso como uma tradução da vida real que precisa ser feita para habitar essa outra realidade que é o mundo digital. Nesse contexto, eu me pergunto se as pessoas mais jovens sequer pensam sobre o que torna o mundo digital "digital", elas pensam sobre a "digitalidade" das imagens digitais? Os pixels são um fato dado das imagens fotográficas? ou ainda as fazem pensar que o que veem não é de fato uma fotografia, mas uma tradução digital de uma? Para aqueles que não veem o problema nisso, é para quem a AI surge como um desenvolvimento natural da imagem fotográfica. (Superfície Regulada por @sinusoidalsnail)
Thomas Ruff: jpegs
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